quarta-feira, 1 de outubro de 2014

BELISFRONTE



    Era uma vez um homem que tinha três filhos. Como era muito pobre,tornou-se pescador. Estando ele à beira do rio,clamando e se lamentando,ouviu uma voz perguntar:
    -O que tem,filho,que tanto chora?
    O pescadorresponde:
    -É que desde cedo estou aqui e ainda não pesquei nenhum peixinho para alimentar minha família.
    A voz,então,lhe disse:
    -Se me trouxer o seu filho mais velho,lhe darei peixe e dinheiro.
    O velho,mesmo a contragosto,aceitou a troca e,assim que puxou a tarrafa,esta veio abarrutada de peixe e dinheiro. em casa todos ficaram alegres,mas desconfiaram e quiseram saber como o velho conseguiu de uma  hora para outra aquela riqueza,ao que ele explicou:
    -Há um lado bom e um lado ruim,pois,em troca de tudo isso,prometi a uma voz que lhe daria o meu filho mais velho.
    O filho mais velho,ouvindo aquilo,protestou,furioso:
    -Vá você se quiser,pois eu não prometi nada!
    No outro dia,cedinho,o pescador foi para beira do rio numa tristeza medonha. Nisso,a voz,que já sabia o que acontecera,lhe disse:
    -Dessa vez passa,desde que me traga deu filho do meio. Em troca,terá peixe e dinheiro.
    O velho concordou e,quando puxou a tarrafa,esta mais uma vez veio cheia de peixe e dinheiro. Chegando a casa,todas ficaram muito felizes,porém,quando o pai explicou ao filho do meio o trato feito com a voz,o rapaz esbravejou:
    -Quem fez seus negócios que salve as suas contas! Eu não me comprometi com ninguém!
    O velho passou o resto do dia muito triste. Na manhã seguinte,no rio,explicou à voz a ingratidão do filho. Esta fez mais uma proposta:
    -Até agora fui paciente,mas,desta vez,se não me trouxer o seu filho mais novo,eu vou buscá-lo! Agora pode puxar a tarrafa,que está cheia de peixe e dinheiro.
    E de fato estava. Com o apurado nas costas,ele foi para casa,onde,de cara,encontrou o seu filho mais novo,que se chamava Belisfronte. O menino,quando o pai lhe explicou a situação,disse:
    -Pode deixa,meu pai,que eu vou cumprir o trato feito pelo senhor.
    Mal havia amanhecido,foram os dois para o rio,onde ouviram uma voz dizer:
    -Feche os olhos,Belisfronte,e grude no meu pescoço.
    Assim ele fez. Quando abriu os olhos,estava num palácio no fundo do mar,que era a coisa mais linda do mundo! Ali não lhe faltava nada: havia uma mesa sempre posta na hora das refeições. Um vulto o acompanhava,mas ele não conseguia divisar a sua imagem. Só via a comida sumindo no ar,o que o levava a crer que alguém partilhava a mesa. À noite,quando ia dormir,Belisfronte percebia que alguém ressonava a seu lado. E nessa vida passaram-se sete anos,com o rapaz a cada dia sendo mais apertado pela saudade da famíli.
    Um dia,ele foi pedir à voz que lhe consentisse ir visitar os pais. Ela relutou,relutou,mas consentiu,desde que,em sua casa,não pegasse nenuhm conselho da família. Ele prometeu que não o faria e,assim,foi liberado para alguns dias com os seus.
    Qundo Belisfronte chegou a casa,todos ficaram muito alegres em vê-lo vivo e com saúde. O moço,então,contou à mãe onde e com quem vivia desde o dia em que seu pai fez o trato com a voz. Ele narrou a alegria de viver no meio de tanto luxo e fartura e a tristeza de não ver a sua companheira. No dia de Belisfronte retornar,sua mãe lhe deu um trancelim de cera mais auguns fósforos,aconselhando-o a só usá-los á noite,quando a sua companheira adormecesse. Para acultar os objetos,ela costurou um bolso dentro da calça.
    Na beira do rio,como da outra vez,ele fechou os olhos e,quando os abriu,já se achava no lindo palácio. Então,narrou à voz tudo sobre a viagem,menos a parte do conselho da mãe. Quando anoiteceu,assim que ele ouviu o ressono da companheira,que dormia um sono pesado,acendeu o trancelim de cera e aproximou-o do rosto dela. Foi aí que Belisfronte percebeu que mais linda do que aquela moça era impossível de se achar. Ele ficou tão atarentado,que não percebeu que a cera estava derretendo e um pingo caiu no rosto da moça,que acordou na hora.
    -Oh,Belisfronte ingrto! Dobrou meus tormentos por mais sete anos!-disse a moça,já desaparecendo ,sem que ele pudesse fazer nada.
    Num segundo,o palácio evaporou,escureceu,tudo e Belisfronte se viu no meio do mar,agarrado a uma balsa velha. Desesperando,começou a lamentar a sua sorte,quando apareceu um velho caminhando na água,como se estivesse na tera. O velho,que era São Simão,ordenou oa moço que o seguisse,o que ele fez. Caminharam,caminharam,até que o mar ficou para trás. Quando Belisfronte procurou o velho para agradecer,este já tinha exalado. Então,ele prosseguiu andando e,bem à frente,encontrou um ladrão com uma bicheira enorme,que lhe pediu encarecidamente que o socorresse. O rapaz,mesmo morto de medo,arrancou umas ervas e espremeu o leite sobre a bicheira,curando,o leão,que,em sinal de agradecimentos,lhe disse:
    -Moço,quando estiver em seus apertos,basta dizer:"Valha-me o Rei dos Leões!",e eu vou lhe socorrer.
    Belisfronte seguiu andando e,mais à frente,sentiu um mau cheiro forte;aí,viu uma grande demanda entre umas formigas e uns urubus pela carcaça de uma vaca. Tanto as formigas quanto os urubus pediram a sua intercessão,apresentendo-lhe as suas razões para reclamar aquele "prêmio". Ele,então,intercedeu da seguinte maneira:deu as carnes para os urubus e os ossos para as formigas,que nunca mais brigaram,pois hoje cada qual sabe qual é a parte que lge cabe.
    Em sinal de agradecimento,um urubu,o maior do bando,disse-lhe:
    -Moço,quando estiver em seus apertos,basta disse:"Valha-me o Rei dos Urubus!",que eu irei ajudá-lo.
    Da mesma forma,uma formiguinha:
    -Moço,quando estiver em seus apertos,basta dizer:"Valha-me o Rei das formiguinhas!",que eu irei lhe socorrer.
    Belisfronte continuou andando e chegou a uma cidade,onde,à beira de uma fonte,uma velhinha lhe informou que a amada dele,que se chama Bela,estava prisioneira na torre do castelo,por ordem de um rei muito soberto,que queria casar com ela. Ele foi para perto do castelo e ficou o dia inteiro matutando um jeito de falar com a moça. Já de noite lembtou-se da promessa do urubu e gritou:
    -Valha-me o Rei dos Urubus!
    Na mesma hora,chegou aquele urubuzão,que lhe perguntou:
    -O que quer comigo,moço?
    -Que me ponha no alto daquela torre.
    E montou na cacunda do urubu,que o deixou no alto da torre. Mas,lá em cima,não achando meios de entrar,tornou a gritar:
    -Valha-me o Rei das Formigas!
    A formiguinha já chegou perguntando:
    -O que quer comigo,moço?
    -Que me ponha no quarto da pricesa Bela.
    Belisfronte,então se transformou numa formiguinha,entrou no quarto por uma rachadura e desce. Em baixo,virou novamente um rapaz e foi em direcão à cama da princesa,que acordou.
    -Bela,Bela,sou eu,Belisfronte. Não se lembra mais de mim?
    A moça,que estava debaixo de um encanto poderoso,não o reconheceu e danou-se a gritar pelo rei,que correu em sue socorro com um candeeiro na mão,perguntando a razão de tanto alarido. Não viu nem sinal do rapaz,que virou formiga e se enfiou debeixo da cama. Depois que o rei saiu,a formiguinha subiu pela parede,virou gente,chamou o urubu e desceu da torre. Na segunda noite,tudo transcorreu como na primeira,e o rapaz ficou bastante contrariado,pois Bela continuava total mente esquicida dele.
    Ora,na terceira noite,Belisfronte chamou o Rei dos Urubus,que lhe pôs no alto de torre;lá,a foi em seu auxílio. Virado em formiga,o moço foi ao encontro de sua amada. Embaixo,de volta à antiga forma,ele foi acordar a moça dizendo:
    -Bela,Bela,não se lembra mesmo de mim? Sou Belisfronte,seu amado. Você não sabe os apertos que passei para chegar até aqui!
    Quando Belisfronte disse aquilo,a memória da moça se iluminou e ela se lembrou dele. Depois de matar a saudade,o rapaz indagou dela se o rei tinha augum segredo,porque,no reino,todos diziam que ele não podia ser morto,pois sua alma estava fora do corpo. Bela garantiu que,se houvesse algum segredo,ela o descobriria. E assim se deu:no outro dis,quando o rei foi visitá-la,Bela,usando de esperteza,começou a perguntar se ele tinha algum segredo,pois,como sua futura esposa,tinha o direito de o saber. O rei logo ficou desconfiado de tanta gentileza:
    -Bela,Bela,você está me falseando!
    -Não estou não,rei:se vai casar comigo,tem de me contar todos os seus segredos.
    Assim que ela se referiu oa casamento,o rei se empolgou e lhe revelou doto o seu segredo:
    -Minha vida não está em meu corpo,mas em cima daquela serra-e epontou com a mão.-Lá mora uma serpente muito perigosa,impossível de ser vencida;dentro da serpente tem uma caixa de bronze;dentro da caixa de bronze tem uma porca;dentro da porca tem uma pomba;dentro da pomba,um ovo e dentro do ovo,uma vela. Se alguém conseguir matar a serpente,eu adoeço;se quebrar a caixa de bronze e matar a pomba,eu me arruíno;matando a pomba,eu caio de cama;se quebrar o ovo e apagar a vela,eu morro.
    Bela esperou por Belisfronte,que apareceu à noite,na hora combinada. Ela,então,contou detalhadamente o segredo da vida do rei,o que o deixou esperançoso e feliz. Prosearam até bem tarde da noite,quando ela virou-se em formiga e foi embota,garantindo voltar.
    Pela manhã,Belisfronte mirou na direção da serra,que ficava muito longe,e gritou:
    -Valha-me o Rei dos Urubus!
    Chegou o urubuzão perguntando:
    O que quer comigo,moço?
    -Que me ponha no cume daquela serra.
    E subiu nas costas do urubu, que bateu asas e,em pouco tempo,estava na dita serra. Quando Belisfronte pisou no chão,sentiu a terra tremendo:era a serpente que,percebendo o invasor,vinha acabando com tudo. Vendo-se perdido,o rapaz gritou bem alto:
    Vlha-me o Rei dos Leões!
    De repente apareceram mais de trezentos leões ferozes. O maior de todos encarou Belisfronte e perguntou
    -O que quer conosco,moço?

    -Que acabem com aquela serpente.
    Os leões caíram em cima da bruta e,num abrir e fechar de olhos,a serpente estava morta. Enquanto isso,o rei velho começou a passar mal e reclamou:
    -Bela,Bela,minha serpente está em trabalho. Você me falseou!
    -Falseei nada,rei...
    Quando a serpente foi morta,Belisfronte abriu-lhe a barriga com um punhal e retirou a caixa de bronze,que o Rei dos Leões arrebentou com um só tapa. A porca,vendo-se livre,tratou de escapulir,mas o rapaz passou-lhe o cacete na cabeça,matando-a. (Nesse ponto,o rei velho já estava na cama,se lamenando.) Porém,ao abrir a barriga,o rapaz se descuidou e a pombinha ganhou o céu e desapareceu. (Aí,o rei velho teve uma ligeira melhora.) O moça,vendo-se perdido,gritou:
    -Valha-me o Rei dos Urubus!
    -O que quer comigo,moço?
    A urubuzado se espalhou e,alguns minutos mais tarde,um delas voltava trazendo a pombinha em suas garras. Belisfronte matou-a,partiu a barriga e retitou o ovo. (Nem precisa dizer que o rei velho já estava nas últimas!) Quando o moço quebrou o ovo e apagou a vela,o rei també !"apagou".
    Cumprida a missão, o Rei dos Urubus levou o moço ao palácio,onde o povo já o esperava em festa. Mas festa mesmo foi a do seu casamento com Bela,que,dizem,durou muitos e muito dias,sendo os dois,a partir daquela data,felizes na terra como os anjos no céu.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O COMPADRE DA MORTE


    Uma vez,um homem estava no alpendre de sua casa quando avistou,no quintal,uma senhora com uma foice na mão e vestida de preto dos pés à cabeça. Quando ele perguntou aonde ela ia,a mulher,que era a Morte,dosse que ia buscar um sujeito que estava com os mminutos vencidos. Como o homem do alpendre tinha muitos filhos,pediu à Morte para batizar o mais novo,que ainda era pagão. Feito isso,a comadre lhe ensinou um meio de ganhar dinheiro fazendo olhadas em doentes:se ela estivessa aos pés da cama,o doente escaparia. Mas,por outro lado,se estivesse na cabeceira,a família já podia encomendar o caixão.
    Com a ajuda da comadre Morte,o homem ganhou muito dinheiro. Mas aconteceu de um dia uma senhora muito rica adoecer. Quando ele foi vê-la,ela já estava nas últimas,e a família,desesperada,oferecia uma grande soma em dinheiro a quem a curasse. O homem,muito usurento,foi fazer a olhada,porém,quando entrou no quarto,viu a comadre na cabeceira,indicando que não havia mais nada a fazer. Acontece que o danado achou de virar a cama ao contrário e a comadre foi para os pés. A moribunda ganhou novo alento e o homem embolsou enorme quantia,deixando a comadre explodindo de raiva.
    Não passou muito tempo e a Morte foi visitar o compadre. Lá chegando,comunicou-lhe que a hora dele havia chegado. O homem implorou tanto que a comadre o deixasse viver mais um pouco,que conseguiu dela a promessa de que viria na próxima quarta-feira,quando ele estaria mais preparado. Assim que ela se,foi ele matutou um jrito de enganá-la. Raspou a cabeça,esperando dessa forma não ser reconhecido. Ainda alertou a mulher para que,quando a comadre chegasse,dissesse que ele viajou e só voltaria na próxima quarta.
    A Morte veio na data marcada e a mulher fez conforme o marido lhe recomendara. A comadre então lhe alertou:
    -Eu voltarei quarta que vem,mas aviso desde já:não dou viagem perdida!
    No dia marcado,o homem,com a cabeça raspada,se meteu no meio de uns mmoleques que brincavam com umas bolinhas de gude. Chegada a comadre, a mulher do espertalhão lhe deu a mesma desculpa. Foi aí que um moleque acertou a bola no careca e gritou bem alto:
    -Matei você! Matei você!
    Aquilo deu uma ideia à Morte,que disse para a comadre:
   -Eu lhe disse que não ia dar viagem perdida. Já que o meu conpadre não está,vou levar aquele careca! -e passou a foice no coitado e carregou-o com ela.
    Com a Morte,não há quem possa!

domingo, 28 de setembro de 2014

ARRANCA-TOCO


    Há muito tempo,viveu um filho que pediu a herança ao pai e,recebendo-a amolou o facão,pegou o bornal a caiu no mundo.Era tão forte que todos o chamavam de Arranca-toco.No caminho,Arranca-toco deparou com outro rapaz,muito forte também,torcendo uns coqueiros "de mão limpa".Por isso era chamado Torce-coqueiro.Após as apresentações,Arranca-toco convidou-o a acompanhá-lo,e ele foi.Mais adiante,avistaram um outro sujeito,que torcia cipós grossos com grande facilidade.Como esse também viajasse,a fim de ganhar a vida,Arranca-toco convidou-o a integrar-se ao grupo e Torce-cipó aceitou.
    Fizeram uma casa na mata e,enquanto dois iam caçar,o outro ficava na cozinha.E haja comida para matar a fome daquele três:tanto fazia boi como boiada!
    Na vez que coube a Torce-cipó cuidar da comida,enquanto o tachofervia,apareceu-lhe um bicho feio dos olhos do fogo,fumando num cachimbo.O bicho,no formato de um dragão com dentes de leão e orelhas de jumento,já chegou berrando:
    -Quero comida!

    Torce-cipó não se assustou:
    -Aqui não tem comida para você!
    O bicho não quis saber:empurrou o rapaz,pegou o tacho ainda quente e revirou a comida fervendo na boca.Em seguida,apanhou todas as brasas do fogão,pôs no cachimbo e saiu fumando.Assim que Arranca-toco e Torce-coqueiro chegaram e perguntaram pela comida,Torci-cipó contou a história do bicho,e o descreveu em detalhes.Torce-coqueiro não se convenceu:
    -Ele tomou a comida porque você não foi homem para encará-lo.Desta vez,vou ficar na cozinha e quero ver se ele faz alguma coisa.
    Enquanto Arraca-toco e Torce-cipó estavam na caça Torce-coqueiro ficou cozinhando,esperando a aparecer.E aconteceu como da primeira vez:após empurrar o rapaz, o bicho foi,pegou a comida quente no tacho,revirou-a na boca.Apanhou as brasas,pôs no cachimbo e foi embora,zombando do derrotado e garantindo que voltaria no dia seguinte.Quando os outros dois chegaram,tiveram  de provideniar outra comida ou passariam fome.Torce-coqueiro,além de contar o desaforo do bicho,transmitiu o recado de que ele voltaria para roubar mais comida.
    No outro dia, com Arranca-toco de quarda,o bicho apareceu para roubar-lhe a comida.O rapaz mandou-o se retirar,mas o desaforado já estava com as duas mãos no tacho quente.Arranca-toco,furios,bateu a mão no facão e,de um só golpe,cortou as duas orelhas do bicho e guardou-as na algibeira.A fera implorou ou moço que lhe devolvesse as orelhas,mas não o comovendo falou:
    -Amanhã você segue esse risco de sangue e entra onde eu entrar;-e recomendou:-mas sem comer nada!
    Quando os outro dois chegaram,perguntaram pela comida,e Arranca-toco lhes mostrou o tacho cheinho.No outro dia ,saíram os três no rumo do risco de sangue e,após muitas horas de caminhada,foram dar num lajedo,que tinha um buraco à semelhança de uma boca aberta,Idearam entre eles quem deveria descer e Arranca-toco foi quem se prontificou a ir atras da fera.Torece-coqueiro,entrão,fez uma corda de muitos metros,e Torce-cip´´ó trançou um balaio enorme.Arranca-toco entrou no balaio e os companheiros,segurando a corda,fizeram-no descer pelo buraco escuro.Lá embaixo,ele viu a fera dormindo,sem as orelhas e,ao seu lado,uma princesa sentada numa cadeira,penteando os cabelos.Ao ver o rapaz,ela perguntou,assustada:
    -Moço,o qie faz aqui?
    -Fui eu que cortei as orelhas do bicho e vim até aqui seguindo o risco de sangue.
    Ela,então,implorou:
    -Vá embora,pois quando o bicho não encontra o que comer devora uma pessoa viva para compensar.
    Mas Arranca-toco não se intimidou e,apesa das negativas,convenceu a moça a entrar no balaio e fez sinal aos companheiros para que o puxassem.À princesa ele disse que subiria por último.Mas qual!Quando os falsos amigos de Arranca-toco viram aquela moça tão bonita,arremessaram o balaio com corda e tudo dentro do buraco,imaginando que ele lá dentro,morreria de fome ou devorado pela fera.Notando a traição dos dois,Arranca-toco,sem ter para onde ir,sentou-se na cadeira da pricesa e esperou o dragão acordar.Acordando,o bicho reconheceu,de cara,o algoz:
    -Moço,o que faz aqui?Devolva minhas orelhas!
    -Só as devolvo se você me tirar daqui e me deixar no reino da princesa.
    O dragão,não vendo outra saída,pediu ao rapaz que montasse em suas costas e fechasse bem os olhos,só os abrindo no reino para onde os dois traidores levaram a moça.Arranca-toco fez conforme o combinado,e o dragão,que cumpriu sua parte no acordo,recebeu de volta as orelhas,e as recolocou no lugar.
    Na cidade,o movimento era grande,e Arranca-toco soube,por um criado do rei,que o soberano estava promovendo uma festa em homenagem a dois moços que salvaram a princesa do dragão.Apesar de a moça dizer que não foram eles,ninguém lhe dara crença,e os dois receberiam como prêmio metade do tesouro real.Porém Arranca-toco entrou no palácio, os traidores se apavoraram e foi descoberta a farsa.O rei,revoltado com a mentira,mandou Torce-coqueiro e Torce-cipó para a forca.já Arranca-toco casou com a princesa,com quem viveu até o resto de seus dias.
    

O COELHO MEDONHO


      Certa feita houve uma festa e o coelho,contando vantagem para os outros bichos,disse que ia montado na onça.Como era de esperar,ninguém acreditou.
      Chegamdo o dia da festa,a onça passou na casa do coelho para chamá-lo:
      -Vamos comigo pra festa,amigo coelho.
      -Não posso,amiga onça,pois quebrei a perna e não consigo andar.
      A onça,que tinha segundas intenções,não desistiu do convite:
      -Sendo assim,eu levo.Monta na minha cacunda.
      
O coelho recusou, dizendo que cairia,sem tem em que segura.Mas a onça tando insistiu que ele montou e se esparrachou no chão.Então,convenceu a onça a deixá-lo pôr uma sela,o que coseguiu com muito esforço.Posta a sela,o coelho montou na onça e tornou a cair.Aí,disse que tinha que tinha de colocar uma bride,mas a onça enfunou,sem querer consetir.O coelho disse que machucara  a outra perna,pois mesmo com a sela não tinha onde segurar.Resutado:pôs a bride,montou e tornou a cair.

      -Amiga onça,agora faltam as esporas,pois não tenho onde ficar as pernas.
      Mais que das outras vezes,a onça deu a testa.Porém,como estava morta de vontade de comer o coelho,acabou aceitando,desde que ele descesse antes de chegar ao local da fezta.
      O coelho calçou as esporas e desta vez se firmou,indo em trote lento na direção da festa.Quando estava chegando,a onça pediu que ele descesse,mas o danado,fazendo-se de besta,encalcou a espora no bucho da malvada.Na entrada,ele amarrou a onça no mourão pra ela não fugir.Os bichos,nem é preciso disser,ficaram todos espantados.Terminada a festa,nenhum bicho quis segurar a onça para que o coelho a montasse.Mesmo assim,ele pulou na cacunda dela,puxou a rédea e encaucou de novo a espora.Perto de casa, o coelho se pendurou num galho e a onça seguiu rumo à toca,toda agitada.Já chegou gritando:
      -Ô ,eus filhos,agarrem esse coelho malandro!
      Mas os filhos da nça respondiam que não havia nenhum coelho.Foi quando ela de deu conta que ele estava já muito longe.
      Passou o tempo,e o coelho,com medo da onça,mudou de casa e passou a morar num buraco.Um dia,os filhotes da onça foram procurá-lo para avisar a mãe avia morrido.O coelho para se certificar, foi até a toca da bicha e lá a encintrou estirada,parecendo morta mesmo.Perguntou aos filhotes:
      -Ela já soltou vento?
      -Não!...
      -Então ainda está viva,pois,quando morre,a onça solta vento.
      Imediatamente a onça soltou um vento e o coelho,percebendo a cilada,esticou na carreira,sumindo no mato.Tempos depois,aproveitando-se de um estio violento,a noça foi fazer vigia na única fonte que não havia secado.Desta vez,o coelho se viu apertado.Por sorte,perto de onde ele morava ia passando um tropeiro com umas cargas nuns burros.Amarrada na carga ia uma cabeça de mel.O coelho atocaiou,arrebatou a cabeça,caindo com ela no chão,quebrando-a e se lambuzando todo.Depois,rolou sobre as folhas e,coberto com ela,ficou irreconhecível.Chegando à fonte,a onça deixou-o beber,sem problemas.Depois perguntou:
      -Ô,amigo Folhaço,você não viu o amigo coelho?
      -Não,não vi-respondeu.Depois,entrou na água e as folhas desgrudaram do seu corpo.A onça,vendo-se enganada mais uma vez,ainda tentou agarrá-lo,mas o coelho tento